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Jogadores do Grêmio posam para a foto antes do título, em 2006. Crédito: Arquivo Placar. |
A véspera daquele jogo, por inúmeros motivos, era intensa. Grêmio e Internacional não decidiam uma final de Campeonato Gaúcho desde 1999. A saudade pelo gostinho do clássico mais disputado do país ainda persistia, visto que as duas equipes não confrontaram no ano de 2005. O empate em 0 a 0, no Olímpico, uma semana antes, impulsionou ainda mais os corações azuis e vermelhos pela decisão.
A dupla Gre-Nal passava por momentos adversos. O Colorado, que a alguns meses sagraria-se campeão do mundo, se sentia injustiçado e, portanto, desassossegado - o Gauchão era a primeira competição após o polêmico Campeonato Brasileiro vencido pelo Corinthians. O elenco, conciliando dois torneios, formava um time muito melhor do que o adversário. O Tricolor, por sua vez, enfrentava situações sufocantes. Após quase cair, no ano do centenário, em 2003, não se escapou do rebaixamento, em 2004.
O técnico do Inter, Abel Braga, aproveitou o calor de sua torcida e a superioridade técnica para lançar o sistema 4-2-4, formado por Clemer; Ceará, Bolivar, Ediglê e Rubens Cardoso; Fabinho, Tinga, Márcio Mossoró e Iarley; Michel e Fernandão. Mais contido, Mano Menezes, comandante do Grêmio, foi de 4-5-1, representado por Marcelo Grohe; Patrício, Pereira, Evaldo e Escalona; Jeovânio, Lucas Leiva, Wellington, Marcelo Costa e Ramon; Ricardinho.
O zagueiro Evaldo, hoje com 32 anos, rememora ao Blog Futebolês o clima para aquele jogo, que elevava a condição do Inter como o grande favorito.
- O Inter tinha um timão naquele ano. Os jogadores deles e grande parte da mídia os tinha como campeões gaúchos daquele ano. Lembro, inclusive, de um jornal que ilustrava o mosqueteiro (mascote do Grêmio) sobre uma lambreta, olhando para trás, onde havia o saci (mascote do Internacional) em um rolo compressor, como se eles fossem passar por cima da gente.
Ele ainda resplandece a importância do fator para que o Grêmio fosse a campo com 'sangue nos olhos'.
- Cada coisa que ouvíamos a respeito do Inter era repassada aos demais jogadores do nosso grupo. Nós dizíamos: "Vamos ver se eles são tudo isso mesmo na hora em que a bola rolar". E quando apareceu a foto do jornal no mural onde ficavam as informações, foi a gota d'água. Nossos jogadores passaram as travas de suas chuteiras no esmeril - revela.
O Inter, com sua proposta ofensiva, enfrentou dificuldades para arranjar espaços. Embora tenha finalizado o primeiro tempo com a posse de bola, foram poucas as chances claras de gol. Porém, aos 12 minutos da segunda etapa, Fernandão, em jogada trabalhada na grande área, recebe de Bolivar e dispara no canto da goleira de Marcelo Grohe para abrir o placar.
Quem esperava, a partir daquele momento, que o Grêmio se desestabilizasse, acabou decepcionado. Com muita frieza, o Tricolor conseguiu se impor em busca do que bastava: uma bola na rede. Aos 34 minutos, Marcelo Costa, em falta próxima da área, levantou a bola para Pedro Júnior, que saiu do banco para o cabeceio que empatou o clássico. O delírio da torcida gremista, mínima no vermelho estádio, foi imediato. A tranquilidade da equipe visitante foi outra questão ressaltada por Evaldo.
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Evaldo (com o troféu) comemora o título ao lado de Pereira e Maidana, companheiros de posição e de clube. Reprodução/Facebook |
Com pouco mais de 10 minutos para o fim do jogo, o Inter voltou a pressionar. Contudo, o placar permaneceu até o apito de Leandro Vuaden, decretando o empate em 1 a 1 e o título para o Grêmio, que se recolocou, a partir dali, nos trilhos do primeiro escalão do futebol brasileiro. Ao se recordar da importância do triunfo para a sua carreira, Evaldo descontrai ainda mais a descontraída conversa.
- Representava entrar em uma página da grande história do Grêmio e dos Gre-Nais, além da melhoria do meu salário, um dos menores daquele grupo (risos)
Sobre o Gre-Nal de domingo, Evaldo não sugere palpite e reforça a decadência técnica dos times.
- Prefiro não arriscar. Gosto do clima do clássico, em que tudo pode acontecer. Uma pena a qualidade ter decaído tanto - finaliza.
* Confira o outro momento "grenalizante" do Blog Futebolês:
- Grêmio 2 x 5 Internacional (Campeonato Brasileiro de 1997)