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Acosta com a camisa do Santos-AP, combinação que resultou em tricampeonato estadual. (Reprodução/Facebook) |
Há exatos oito anos, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, Grêmio e Náutico se enfrentavam pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2007. Em 14º - entre a zona de classificação para a Copa Sul-Americana e de rebaixamento para a Série B - o clube pernambucano foi derrotado em uma partida de sete gols, mas que contava, mais uma vez, com a marca de seu grande saldo positivo naquele ano: o atacante uruguaio Alberto Acosta.
Passados 2923 dias daquele confronto e de um período que simbolizava o seu auge - reconhecido com prêmios de melhor atacante da competição pela Revista Placar e pela CBF - Beto, como também é chamado, vive uma relação semelhante à do Chuí com Oiapoque. Natural de Montevidéu, cidade uruguaia ao Sul do Brasil, está estabilizado no futebol literalmente mais alto do país: o amapaense. De férias desde setembro, Acosta está no Santos-AP e se diz feliz em Macapá, capital do Amapá.
- Estou muito bem aqui. Minha família também está gostando. É uma cidade bem diferente das outras em que moramos, como São Paulo e Brasília. É um lugar bom, porém muito longe (risos).
Seu vínculo com Macapá, também conhecida como a capital do meio mundo, fortaleceu a partir de uma de suas especialidades: o futebol. Após deixar o Resende, em 2012, Acosta assinou contrato com o Santos-AP e conquistou, meses mais tarde, o primeiro de seus três títulos estaduais amapaenses. Na última edição, disputada há um mês (26/09) e marcada pela emoção das penalidades máximas, converteu a cobrança que garantiu o tricampeonato consecutivo do alvi-negro. Na opinião do uruguaio, o Amapazão se trata de um torneio emergente e organizado, porém distante da magnitude midiática de um Paulistão.
- O futebol daqui está melhorando. Ainda é um pouco amador, mas no Santos é diferente: salário em dia e tudo mais. Não há nada para reclamar, mas sempre se pode melhorar. Jogar por Náutico e Corinthians é completamente diferente. Lógico que aqui no Santos há pressão e cobrança, mas nada se compara aos grandes do futebol brasileiro.
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Beto exibe suas duas maiores conquistas individuais no futebol: a Bola de Prata, da Placar, e o prêmio da CBF. (Reprodução/Facebook) |
- Olha, é uma estrutura muito boa. Diria, inclusive, que é digna de um clube de Série B de Brasileirão - conta.
Apesar da participação em outros dois campeonatos ocorridos em 2015 - Copa do Brasil e Copa Verde -, o Santos-AP está voltado para o próximo ano. Tudo porque o calendário de jogos do Peixe da Amazônia, como é alcunhado, chegou ao fim há mais de um mês. Aos 38 anos e em meio a esse período de inatividade, Acosta chama a atenção pelo preparo físico, que o permitiu jogar todas as partidas sem se lesionar. Para ele, saber se cuidar é fruto do profissionalismo.
Quando a questão é voltada para os seus planos, Acosta revela que está focado em seguir no Amapá e que dificilmente retornará aos grandes centros do futebol brasileiro.
- Por enquanto, vou jogar mais um ano no Santos. Recebi algumas propostas, mas aqui o presidente (Luciano Marba), com quem fiz uma grande amizade, me trata muito bem. É difícil (retornar a São Paulo ou Brasília), porque não tenho empresário. Sou eu e Deus, mais o futebol. Porém, nunca se sabe.
Marido de Daniela e pai das gêmeas Micaela e Martina, de 17 anos; Romina, 16; Milagros, 15; Abril; 6, e Júnior, 4, Beto é reservado às pessoas queridas.
- Gosto de ficar em casa com os meus familiares e assar um bom churrasco na companhia deles. Eu sou muito família. Também passeamos na orla de Macapá, que é bacana, e no shopping.
Ao longo de quase 20 anos dedicados ao futebol, Alberto Martín Acosta Martínez conquistou títulos e torcidas com seu faro de gol. Em 2007, sob o uniforme alvi-rubro do Náutico, foram 19 gols em 31 jogos (vídeo), números que lhe renderam a vice-artilharia e premiações de melhor atacante do Campeonato Brasileiro. Para ele, seu auge poderia ter sido lembrado pelo técnico Óscar Tabárez nas convocações da Seleção Uruguaia.
- Tenho a certeza de que merecia uma chance, mas sempre falo: Deus sabe o que faz e está no controle. Não me sinto injustiçado, pois sei que no país só jogam jogadores de alguns empresários. Então, não esquento a minha cabeça com isso.
O esquecimento da Celeste, no entanto, não ofusca a sua história dentro das quatro linhas.
- Ganhei mais do que imaginava e joguei com jogadores que jamais pensava em jogar. Faz nove anos que jogo no Brasil, ganhei oito títulos aqui. Se eu pendurar as chuteiras hoje, estou muito feliz com a minha carreira. Vou continuar jogando. Quero sempre vencer e sair campeão, pois isso é uma sensação incrível. Só quem é campeão sabe. No futebol, só é lembrado quem é campeão - completou.