terça-feira, 1 de setembro de 2015

Futebolando com Marcelinho


Marcelinho em seu melhor jogo com a camisa do Grêmio.
O ano era 2003. E a situação ao fim do mês que marcara o centenário do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense não era nada agradável. Com apenas seis vitórias em 32 jogos, o Tricolor ocupava a última posição do Campeonato Brasileiro da Série A. E diante da necessidade de uma recuperação imediata, na véspera de um confronto com o São Paulo, no Morumbi, o então técnico Adilson Batista chamou a atenção ao relacionar uma das grandes apostas das categorias de base gremista para o compromisso: Marcelo Rodrigues, o 'Marcelinho'.

Por conta de sua baixa estatura, ficou conhecido pelo diminutivo do seu nome. E com apenas 16 anos, fez a sua estreia como jogador profissional naquele compromisso, substituindo o atacante Cláudio Pitbull. Os três pontos não acompanharam o Grêmio no retorno a Porto Alegre, estreitando ainda mais o prazo para que deixasse a zona do rebaixamento. Contudo, o clube ganhava um reforço crucial para alcançar o objetivo.

Hoje, 12 anos depois, Marcelinho conversou sobre a sua carreira com o Blog Futebolês, destacando o início e as responsabilidades que carregava antes mesmo de completar 18 anos. Sem clube desde maio, quando deixou o Prudentópolis, ele se diz aberto a propostas e treina todos os dias para manter a boa forma.

Natural de Santa Cruz do Sul, a trajetória de Marcelinho no esporte mais popular do país começaria no município de São Leopoldo, através do Clube Esportivo Aimoré. Seus principais recursos, a habilidade e a velocidade, chamaram a atenção do Grêmio, que em 2000 o levaram para o Estádio Olímpico.

- Quando eu estava no Aimoré, disputávamos campeonatos que contavam com Grêmio e Inter. Eu me destaquei contra essas duas equipes e, aos 13 anos, fui para o Grêmio - lembra.

Promovido três anos mais tarde, Marcelinho desnorteou setores defensivos com seus dribles e passou a fazer parte do planejamento do Grêmio para 2004. Na ocasião, já era sondado por times do exterior e convocado para a Seleção Brasileira Sub-20. O primeiro gol como profissional, que até então não havia ocorrido, surgiu em dose dupla no mês de fevereiro.

- Os meus dois primeiros gols como profissional foram os dois mais importantes da minha carreira. Com eles, ganhamos do Chapadão por 2 a 1 e nos classificamos para a fase seguinte da Copa do Brasil.



Os meses conseguintes, no entanto, passariam a ser os mais angustiantes da história do Grêmio. Tão doloroso quanto 1991, quando o clube foi rebaixado pela primeira vez, 2004 foi marcado por um acumulo de péssimos resultados e intrigas internas até hoje mal esclarecidas e culminou naquilo que o torcedor mais temia no ano anterior: o rebaixamento. Perante ao turbulento momento, pesado para um garoto de 17 anos, Marcelinho revela que o encarou com maturidade.

- Eu acredito que essa questão de pressão vai de acordo com cada jogador, em que uns sentem mais e outros menos. No meu caso, mesmo com toda a pressão que existia no clube pela má campanha na época, não sentia tanto. Claro que é uma grande responsabilidade, mas no meu caso foi tranquilo. A pressão existe, mas cada um encara de uma maneira, ainda mais em uma grande equipe como o Grêmio.

Quanto ao fato da estrutura do Grêmio de 2004, longe de sólidas condições, Marcelinho dispensa a ideia de que a mesma tenha prejudicado o seu desenvolvimento e o seu progresso no futebol.

- Claro que a situação não era dos melhores devido ao excesso de pressão. É mais favorável quando um atleta das categorias de base entra na equipe principal quando o momento está bom. Mas acredito que isso não seja desculpa. Em alguns casos atrapalha, em outros não.

Antes de deixar o Tricolor Gaúcho, Marcelinho ainda disputou o Campeonato Gaúcho de 2005. Em abril daquele ano, foi apresentado ao São Caetano. Ainda defendeu o Juventude, o Caxias, o Avaí, o Linense, o Bonsucesso, o Guaratinguetá, o Boa Esporte, o São Luiz e o Costa Rica, além dos estrangeiros Bursaspor, da Turquia, Consadole Sapporo, do Japão, e o UTA Arad, da Romênia. Aos 28 anos, coleciona inúmeras recordações inesquecíveis que a carreira nos gramados lhe proporcionou.

- Tenho muitas (recordações), mas destaco quando realizei o sonho de chegar aos profissionais e jogar contra grandes equipes em grandes estádios; quando fui convocado para a Seleção Brasileira Sub-20; quando atuei fora do país e conheci o mundo.
Marcelinho falou sobre Roger e sua
carreira ao Blog Futebolês.
(Reprodução/Facebook)

Morando em São Paulo, o ex-gremista segue acompanhando o clube que o revelou, destacando o trabalho do técnico Roger Machado, que foi seu companheiro em 2003.

- Ele (Roger) vinha se destacando como treinador em outras equipes. O trabalho dele no Grêmio reflete na classificação do Campeonato Brasileiro, entre os quatro primeiros. Eu torço muito para ele, pois tem muito a acrescentar no futebol. Está fazendo um trabalho muito competente.

Até mesmo Lincoln foi lembrado no bate-papo, visto que ele também foi promovido ao futebol profissional com 16 anos, durante o primeiro semestre deste ano. Devido à quantidade de jovens que acabam sucumbidos pelo elevado status de joia/promessa no país, Marcelinho finalizou o Futebolando da semana oferecendo um conselho ao meia.

- No Grêmio, os jovens convivem com a pressão já nas categorias de base por se tratar de uma equipe grande. O conselho que eu daria a ele é que jogue com personalidade e com alegria. A pressão vai sempre existir.