domingo, 9 de agosto de 2015

Momentos "grenalizantes": Grêmio 1 x 2 Internacional - Campeonato Gaúcho de 2003

Em 2003, na quebra do jejum, o Internacional foi campeão gaúcho.
Foto: Arquivo Placar.

1335. Eis um número que, por muito tempo, incomodou o torcedor colorado e, ao mesmo tempo, mostra que a superioridade do Internacional em Gre-Nais do século XXI não começou com o pé-direito. Afinal, ele corresponde à quantidade de dias que o clube ficou sem triunfar diante do Grêmio. Ao longo do período, foram 13 partidas - oito vitórias para o lado azul e cinco empates.

A série de resultados negativos contra o maior rival, que só foi interrompida em 2003 - e perdurava desde 1999 -, não era a única baixa daquela época. No ano de 2002, o Inter realizou uma de suas piores performances no Campeonato Brasileiro e, por pouco, não foi rebaixado. Porém, alguns pontos ainda reluziam no Beira-Rio. Entre eles, a defesa pelo título do Campeonato Gaúcho de 2003 e a promissora safra de jogadores promovidos ao futebol profissional, sendo esse último fator fundamental para finalizar o perturbante jejum de clássicos.

O Gre-Nal seria disputado no Olímpico. O Inter, comandado por Muricy Ramalho, contava com uma incerteza no time titular. Foi o que revelou o ex-atacante colorado Diego ao Momentos "grenalizantes".

- Durante a semana do clássico, havia uma incógnita no meio de campo. Eu, que estava entre os relacionados para preencher o setor, não me sentia à vontade, pois não era a minha posição. Nisso, o Claiton chamou o Clemer, nosso capitão, e o comunicou. Em seguida, repassamos o recado ao Muricy (Ramalho). Estava tudo certo. Porém, dois dias antes do jogo, uma rádio me ligou pela manhã para perguntar se eu sairia jogando o Gre-Nal. Respondi que se fosse para jogar fora da minha posição, gostaria de começar no banco. Foi a cereja do bolo. No outro dia, jornais me comparavam ao Amaral, que recém havia chegado ao Grêmio e já estava à disposição do treinador. Inclusive, quando cheguei na parte da tarde do treino, o Paulo Paixão me deu os parabéns, achando que eu tinha feito uma jogada.

Com Diego no banco, o Inter foi a campo com Clemer; Thiago Matos, André Cruz, Luiz Alberto e Vinícius; Sangaletti, Flávio, Claiton e Ismael; Daniel Carvalho e Jefferson Feijão. Os donos da casa, por sua vez, contavam com parte da base campeã da Copa do Brasil, em 2001, e necessitavam dos três pontos. Tanto que começaram em ritmo avassalador. Logo aos 5 minutos, Tinga faz bela jogada, invade a área e chuta para a fora. A intensidade gremista logo acabou compensada com um gol. Em lançamento do zagueiro Ânderson Polga, o atacante Luís Mário leva a melhor sobre Vinícius e, cara a cara com Clemer, abre o placar.



A expectativa para o segundo era que o Tricolor seguisse sufocando. Contudo, Muricy realizou substituições que seriam vitais à sua equipe. Com Cleiton Xavier e Diego, o Inter melhorou e partiu em busca do empate. Aos 20 minutos, em escanteio cobrado por Daniel Carvalho, Vinícius subiu mais alto que os defensores adversários para deixar tudo igual. Em seguida, "o tempo fechou" devido a um pisão de Claiton em Luís Mário. Na confusão, o goleiro Danrlei empurrou o árbitro reserva, Marcelo Tofanelo, e recebeu apenas o cartão amarelo.

Com o relógio beirando os 40 minutos da etapa final, o Inter parecia disposto a encerrar a negativa sequência de resultados contra o Grêmio. O jovem Diego recebeu a bola e serviu Daniel Carvalho, que em meio à cerrada marcação, encontrou espaço para um chute colocado, no canto direito de Danrlei. A torcida colorada foi imediatamente ao delírio comemorando, de fato, como nunca no século. A vitória por 2 a 1 deu ânimos para que a equipe conquistasse o estadual daquele ano. Aos 30 anos, Diego se recorda daquele que foi o seu primeiro Gre-Nal.

Diego ao lado de Nilmar, em 2003. Inter da época
foi apontado como um dos mais promissores.
Foto: Fernando Gomes/Agência RBS
- Foi um momento muito especial. A partir desse Gre-Nal, o Inter mudou o seu rumo no campeonato.

Além do mais, Diego, que hoje atua na Tailândia, destaca a dimensão da vitória em sua carreira.

- Representou muita coisa. Primeiramente, antes do jogador Diego estava um torcedor colorado no campo. Lembro que, do banco de reservas, eu ficava olhando para a torcida cantando, o que me arrepiava. Meus familiares eram todos colorados também. Então, meu primeiro Gre-Nal como profissional foi motivo de muita alegria;

A respeito do Gre-Nal 407, Diego não palpita, mas acredita na vitória, mesmo reconhecendo que a melhor fase não está na Padre Cacique.

- O Inter está tendo muitas mudanças e não sei até que ponto isso vai ajudar ou atrapalhar. A verdade é que o Grêmio está em um melhor momento, e é favorito para o clássico. Mas como um bom torcedor colorado, creio na vitória do Inter.