quarta-feira, 15 de julho de 2015

Futebolando com Chicão

Chicão com a camisa do Operário.
Reprodução/Facebook
47 minutos do segundo tempo. Internacional e Novo Hamburgo empatavam em 1 a 1, no estádio Beira-Rio, pelas semifinais da Taça Fernando Carvalho - o primeiro turno do Campeonato Gaúcho de Futebol de 2010. Eis que o camisa 11 do time visitante, com a bola em seu domínio, decide arriscar para petiscar. Diante do famoso provérbio e de um jogo que rumava para as penalidades, soltou, de sua perna direita, distante da grande área, um "pombo sem asa" indefensável ao goleiro Muriel. Foi assim que Wellington Francisco de Silva Souza, o Chicão, consolidou a vitória e a classificação do Anilado à final.

- Sempre fui muito de arriscar a gol, principalmente de longa distância. Fui coroado em acertar aquele belo chute contra o Internacional - conta Chicão.

Cinco anos se passaram e eu, Leonardo Ozório, convidei o jogador para futebolar. Aos 29 anos, o volante segue integrado em grandes planejamentos. Entre os assuntos abordados, recordamos momentos de sua carreira e seus objetivos no clube presente.

Oriundo de Cáceres, Mato Grosso, Chicão iniciou a sua trajetória profissional pela equipe de futebol local, o Cacerense Esporte Clube, a convite do presidente, logo após disputar um campeonato de juniores em São Paulo. Em 2007, atuando como zagueiro, venceu o Campeonato Mato-Grossense de Futebol.

Seus primeiros passos na região sul do país, onde se consagraria, foram dados em 2008, ao assinar contrato com o Brasil de Pelotas. Seu grande momento, no entanto, ocorreu em 2010, com a camisa do Novo Hamburgo. Na ocasião, marcou um golaço (vídeo) no ângulo do adversário que viria a ser campeão da Copa Libertadores da América. Além de premiar sua elogiada performance no Gauchão, o gol foi crucial na classificação do seu time. Ao lembrar do lance, Chicão ressalta o efeito dele em sua carreira.



- Em primeiro momento, não tive a noção de que aquele gol mudaria muita coisa na minha carreira. Depois do jogo, recebi muitas ligações que me parabenizavam. Devido àquele gol e àquele bom campeonato, muitas portas em outros clubes foram abertas para mim.

Chicão ainda passou por equipes como Criciúma, Novo Hamburgo - em três oportunidades -, Luverdense, Vila Aurora e Chapecoense, antes de disputar, novamente, a final do primeiro turno, desta vez nomeada de Taça Piratini. Foi com o São Luiz, de Ijuí, em 2013. Apesar da derrota para o Internacional, sua equipe consagrou-se campeã do interior. Em maio de 2014, regressou ao Novo Hamburgo pela quinta vez, alcançando a marca de 100 partidas pelo clube, contra o JMalucelli, pela Copa do Brasil.

Atualmente, está no Operário Ferroviário, onde fez história. Em maio de 2015, Chicão capitaneou a inapagável geração alvi-negra que conquistou o Campeonato Paranaense. O triunfo sobre o Coritiba, no Couto Pereira, foi o primeiro estadual do clube. Para Chicão, uma bonita e eterna recordação.

- Fico muito feliz em entrar para a história do clube como o primeiro capitão a levantar a taça de campeão paranaense. A ficha demorou a cair, por tudo que esse título representa ao Operário. Hoje, estou gravado para sempre nele e na cidade de Ponta Grossa.

Os feitos construídos na "Princesa dos Campos" - como é conhecido o município de Ponta Grossa -, já rendeu a Chicão o reconhecimento e a admiração do cidadão ponta-grossense e do seguidor do Operário. Para Jean Martins, diretor da Associação Avante Fantasma, Chicão preenche, com seus atributos, o que a torcida espera.

Jean (esq) posa ao lado de Chicão.
Reprodução/Facebook
- Ele (Chicão) é o típico jogador que o torcedor do Operário gosta; raça e vontade dentro de campo. É o nosso capitão e levantou a taça do nosso primeiro paranaense. Com toda a certeza, estará eternizado em nossa história.

Dois meses se passaram desde o memorável episódio, e Chicão já trabalha visando outra meta: levar o Operário à terceira divisão do futebol nacional. Mesmo reconhecendo a qualidade dos adversários e a dificuldade da Série D, o jogador crê na força de sua equipe, que manteve mais da metade dos atletas campeões paranaenses.

- Minhas expectativa é a melhor possível. Mantivemos uma boa base do estadual e o objetivo é colocar o Operário na Série C. Vai ser bem difícil e complicado, mas nós temos uma confiança elevada devido ao título do Campeonato Paranaense. Claro, com muito trabalho e com respeito aos adversários, chegaremos lá.

O desafio, todavia, não é inédito em sua carreira. Nas duas últimas edições da quarta divisão, Chicão participou de dois acessos. O primeiro sob o verde e o branco do Juventude, de Caxias do Sul. O segundo, por sua vez, com o rubro-negro Brasil de Pelotas. Ele acredita que essas experiências serão fundamentais para a competição dessa temporada.

- Tive essa oportunidade de conseguir dois acessos consecutivos por equipes diferentes e sei das dificuldades dessa competição. Tento passar para os meus companheiros essa experiência. Se trata, de fato, de uma competição bastante difícil. Muitas vezes, a concentração e os detalhes decidem uma partida. Nós estamos nos preparando muito para isso - revela Chicão.

Chicão: capitão e campeão do Paraná.
Reprodução/Facebook
Ao conversarmos sobre sua versatilidade, rememorei das decisões em que atuou como zagueiro - em 2007, pelo Cacerense, no Campeonato Mato-Grossense - e lateral-direito - em 2013, pelo Juventude, no Campeonato Brasileiro da Série D. Chicão reforça as vantagens para o jogador de futebol em exercer outras funções.

- Tenho essa facilidade de me adaptar rapidamente a uma função dada. Me considero um jogador multifuncional. E isso é bom para mim. Muitos treinadores gostam de jogadores com essas características. Tento sempre fazer o meu melhor, independente da posição, para poder ajudar.

A última temática de nosso descontraído bate-papo foi sobre algo constantemente levantado em discussões futebolísticas: os promissores técnicos do futebol brasileiros. Nos últimos três anos, Chicão trabalhou com dois deles: Lisca, Rogério Zimmermann, e atualmente trabalha com outro: Itamar Schülle. Para o capitão do Operário, se tratam de nomes com muito potencial.

- São os melhores treinadores com quem já trabalhei. Com eles, consegui conquistar, respectivamente, acessos e título. São profissionais com uma visão inovadora de futebol e que merecem oportunidades ainda maiores dentro do futebol brasileiro - concluiu.

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