domingo, 5 de julho de 2015

Futebolando com Paulo Brito

Um registro da conversa.
Não é preciso ser fã de futebol para perceber o carisma do narrador e apresentador da RBS TV, Paulo Brito. Tive o privilégio e a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Na ocasião, conversamos descontraidamente sobre sua vida - envolvendo sua carreira futebolística e jornalística - e seus famosos bordões. Além disso, Brito ainda ofereceu um conselho aos estudantes de jornalismo que desejam seguir seus passos. O fato é que, nesse encontro, confirmei as expectativas que há anos tenho sobre sua pessoa: o sucesso não é por acaso; Brito é simpatia em pessoa.

Nascido no município de Santa Cruz do Sul, em 11 de dezembro de 1962, Paulo Antônio de Brito Beckenkamp dedica 35 dos seus 52 anos ao jornalismo esportivo. Pai de Greice e Pedro e, recentemente, avô de Isabela, Brito começou, em 1980, como repórter da Rádio Santa Cruz. Em 1989, passou para a RBS TV de Porto Alegre, substituindo Celestino Valenzuela.

Como jogador, atuou pelo Esporte Clube Avenida, time de sua terra natal, onde chegou a disputar o Campeonato Gaúcho de Futebol - o nosso charmoso Gauchão, diga-se de passagem. Hoje, está à frente do Globo Esporte e do Bom Dia Cidade como apresentador, e dos canais SporTV e TVCOM como narrador esportivo.

Leonardo Ozório - Brito, antes mesmo do jornalismo, você foi jogador profissional de futebol. Embora muitos saibam dessa sua experiência, poucos a conhecem detalhadamente. Fale-me um pouco mais sobre esse momento de sua vida.

Paulo Brito - Eu morava ao lado do estádio do Avenida. Lá, eu me criei jogando desde a escolinha, dos 10 aos 14 anos de idade. Um ano depois, tive a oportunidade de disputar um Gauchão profissional. 

Leonardo Ozório - O que o levou a deixar o futebol?

Paulo Brito - Depois de um tempo, vi que não era o que eu realmente queria. Então, continuei estudando.

Leonardo Ozório - E a entrar para o jornalismo?

Paulo Brito - Nesse período, surgiu um convite para trabalhar como repórter da Rádio Santa Cruz, pois quando eu ainda jogava, me destacava nas entrevistas. O jogador de futebol costuma se expressar da mesma maneira ao dizer coisas como "graças a Deus" e "se Deus quiser". Eu não. Sempre falei coisas diferentes; era mais preparado. Depois de um tempo, ganhei espaço no jornal, como colunista, e na televisão, como apresentador.

Leonardo Ozório - A simpatia que criaste com o telespectador é muito explicita, através de seus bordões. O que é preciso para um bordão dar certo?

Paulo Brito - Eles precisam ser naturais e, em momento algum, forçados. Por exemplo, o "Tudo belezinha?!" eu falo há mais de 20 anos fora do ar. Foi então que me sugeriram, há uns 4 anos, que eu transformasse essa minha mania em um bordão. Hoje em dia, é mais usado que o "Feito!". As pessoas, quando passam por mim, antes mesmo de falarem o meu nome, perguntam "Tudo belezinha?!". Como é algo natural, deu certo.

Leonardo Ozório - Você é um dos poucos narradores que, antes de gritar gol, adota uma expressão antes, o "Feito!". Especificamente sobre esse bordão, um dos mais antigos, qual a sua origem?

Paulo Brito - Quando comecei a narrar em Porto Alegre, sempre soube que era preciso algo para me marcar. O que hoje é conhecido como "Feito!", antigamente era "Tá feita a festa!". Como naquela época era só compacto e não havia jogo ao vivo, ficava muito grande. Então reduzí, surgindo o "Feito!". 

Leonardo Ozório - Por que você nunca narrou um jogo de Copa do Mundo?

Paulo Brito - A Copa do Mundo é uma competição transmitida pela Rede Globo. E a RBS não é uma empresa da Rede Globo, mas uma repetidora da mesma. Eu só posso realizar eventos locais. 

Leonardo Ozório - E narrar um jogo de Copa do Mundo seria um sonho seu?

Paulo Brito - Narrar um jogo da Seleção Brasileira, sim. Isso é um sonho para qualquer narrador.

Leonardo Ozório - Quais são os conselhos que você daria ao estudante de jornalismo que se inspira no Paulo Brito?

Paulo Brito - O jornalista esportivo precisa ser um cara isento. No caso, sem maldade quando for criticar, correto nas opiniões e não perseguir nenhum atleta. Então, o conselho que eu daria é esse: cara limpa.

Leonardo Ozório - E para finalizar: tudo belezinha?!

Paulo Brito - (risos) Tudo belezinha!